A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta para a próxima temporada de gripe, prevista para o fim de 2025 e começo de 2026, após identificar um aumento da circulação do vírus influenza em várias partes do mundo.
O crescimento vem sendo impulsionado sobretudo por uma variante do influenza A (H3N2), que começou a se espalhar mais rapidamente a partir de agosto de 2025 e passou a chamar a atenção de autoridades de saúde.
Segundo a OMS, trata-se do chamado subclado (ou variante genética) ‘K’ — também identificado como J.2.4.1 —, uma nova ramificação genética do vírus da gripe sazonal.
Apesar do avanço em diferentes países, os dados disponíveis até agora não indicam que essa variante cause quadros mais graves da doença.
de 160 instituições em 131 países. O sistema monitora a circulação do vírus influenza ao longo de todo o ano e funciona como um mecanismo global de alerta para mudanças relevantes nos vírus respiratórios.
Esse trabalho combina dados clínicos e epidemiológicos com análises laboratoriais e sequenciamento genético, incluindo informações compartilhadas em bases internacionais como o GISAID. É a partir desse conjunto que a OMS consegue identificar padrões de expansão e avaliar riscos potenciais.
Apesar da atenção voltada para a variante K, a OMS reforça que a vacinação continua sendo uma ferramenta central.
Mesmo com incertezas sobre a proteção contra a doença clínica nesta temporada, estimativas iniciais indicam que a vacina segue reduzindo a necessidade de atendimento hospitalar, tanto entre crianças quanto entre adultos.
A organização cita dados preliminares que apontam uma efetividade de cerca de 70% a 75% na prevenção de hospitalizações em crianças de 2 a 17 anos e de 30% a 40% em adultos, ainda que esses percentuais possam variar conforme o grupo e a região.
A mensagem é direta: mesmo em um ano marcado por mudanças genéticas do vírus, a vacinação permanece como uma das medidas de saúde pública mais eficazes, especialmente para pessoas com maior risco de complicações e para quem cuida delas.
Quem está em maior risco
A OMS lembra que a maioria das pessoas se recupera em cerca de uma semana sem necessidade de atendimento médico, mas que influenza pode levar a complicações sérias — com maior risco para crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com condições de saúde subjacentes. Profissionais de saúde também aparecem como grupo relevante, tanto pelo risco de adquirir a infecção quanto de transmiti-la a pessoas vulneráveis.
“Os principais grupos de risco, independentemente do tipo de vírus influenza — e especialmente no caso do H3N2 — são, em primeiro lugar, os idosos. Acima dos 60 ou 65 anos, e principalmente acima dos 80, o risco de desenvolver doença grave, precisar de hospitalização, evoluir para insuficiência respiratória e até morrer é significativamente maior. Esse é, sem dúvida, o grupo prioritário”, aponta Richtmann.
Outro grupo importante, segundo a médica, são as gestantes, que podem apresentar quadros mais graves de influenza e, em alguns casos, evoluir para complicações como parto prematuro ou abortamento. “As crianças também merecem atenção especial: elas são sempre um grupo que preocupa quando surgem novas variantes de vírus respiratórios.”
Em orientações clínicas, a OMS detalha ainda que antivirais podem beneficiar especialmente pessoas com maior risco de evolução para doença grave (como idosos e pessoas com comorbidades), e descreve critérios de maior vulnerabilidade.””
O que fazer agora: recomendações principais da OMS
A OMS não está recomendando restrições de viagem ou comércio com países citados no alerta.
O foco está em medidas clássicas, com ênfase em duas frentes:Vigilância e preparação dos sistemas de saúde, com monitoramento contínuo de vírus e padrões incomuns, e fortalecimento de capacidade laboratorial;
- Proteção individual e coletiva, com vacinação anual para grupos de risco e profissionais de saúde, e medidas proporcionais para reduzir transmissão (higiene das mãos, etiqueta respiratória e, quando sintomático, evitar contato próximo e considerar máscara em ambientes sensíveis).
“É importante lembrar que, infelizmente, a cobertura vacinal no Brasil — especialmente entre idosos — não foi boa em 2025, uma das piores que já tivemos. Por isso, é fundamental manter vigilância e garantir que, assim que a vacina atualizada para 2026 estiver disponível, a população-alvo da imunização faça sua parte e se vacine”, acrescenta a infectologista.





















