O grupo de caminhadas e trilhas Rumo Certo, de Criciúma, promoveu uma imersão na natureza e na história ao conhecer o Caminho dos Conventos, em Timbé do Sul (SC), uma rota aberta por tropeiros por volta de 1730. O evento reuniu 18 pessoas no domingo, dia 6. Eles realizaram um percurso de aproximadamente 14 quilômetros entre ida e volta. Andaram cinco quilômetros até o topo do mirante e mais dois para chegar à Cachoeira da Sete Mulheres, atravessando a nova rota da estrada de chão que faz parte da Serra da Rocinha e que está em obras, em São José dos Ausentes.
A trilha exigiu resistência, preparo físico e espírito de aventura dos participantes. “Tivemos um ganho de elevação de quase mil metros. A trilha tem bastante parte de taipas preservadas e sarjetas. Passamos pelo antigo paradouro que tem como referência o local onde era a cada casa da Nica. Pode ser feita somente com autorização do proprietário” informaram os guias Michel Crepaldi e Marcelo Crepaldi.
O ponto de encontro foi o Posto Aguiar Ipiranga. Após um breve deslocamento de carro de 4 km até o início da trilha, os aventureiros deram início à subida por volta das 7 horas. A jornada durou aproximadamente dez horas, incluindo paradas estratégicas e momentos de contemplação, como a visita à Cachoeira Sete Mulheres, ponto alto do passeio. “A trilha foi maravilhosa um domingo espetacular. Nos divertimos ao lado de bons amigos e muitas risadas. Trabalho em dois lugares, no café do Angeloni e no Mercado Althoff. O domingo é meu dia de lazer e sempre que posso estou em trilhas”, informa Deise da Luz.
Considerada de dificuldade média a alta, a trilha foi acompanhada por guias credenciados, contou com seguro aventura e ofereceu aos participantes instruções detalhadas sobre o que levar como mochila leve, lanche, água, roupas confortáveis, calçado apropriado e equipamentos de proteção.
O grupo Rumo Certo sempre reforça que é proibido portar ou consumir drogas, bebidas alcoólicas ou qualquer substância ilícita durante a trilha, garantindo um ambiente seguro e respeitoso para todos os participantes.
Saiba mais sobre o Caminho dos Conventos
Em 2018 a palestra Caminho dos Conventos, uma abordagem da rota entre o Litoral e o Planalto Catarinense, foi proferida por Geraldo Barfknecht, geólogo e pesquisador d Curitiba (PR). O evento aconteceu na cidade de Bom Jesus (RS) durante o XIV SENATRO –Seminário Nacional sobre Tropeirismo,
A equipe formada pelos Senhores Ari Alexandre da Silva, Evandro Floriano Amandio, Edemilson Monsani e Anderson Jerônimo defenderam a tese de que o Caminho dos Conventos, criado pelos tropeiros no Brasil Império para ligar o litoral ao planalto catarinense, passava pela Serra da Rocinha, atualmente onde está localizada a Fazenda do Javai. Na oportunidade, a argumentação e fatos históricos levaram a definição de que realmente esse caminho, que foi aberto de 1728 a 1730, por Francisco de Souza Faria, passava por Timbé do Sul.
Os Municípios de Jacinto Machado e Nova Veneza também se fizeram presentes, defendendo a territorialidade desse caminho.
Os pesquisadores Carlos Solera e Eleni Cássia Vieira descobriram uma preciosidade em meio a tantos documentos arquivados na Biblioteca da Câmara de CuritibaSolera. Solera relata que a abertura do Caminho dos Conventos, como ficou denominado, começou na região de Araranguá, Santa Catarina, em 28 de fevereiro de 1728, e só terminou em setembro de 1730, quando o trajeto desembocou no atual território de São Luiz do Purunã. A comunicação à Câmara de Vereadores de Curitiba sobre o término dos trabalhos aconteceu no dia 19 de setembro daquele ano”. O trabalho foi realizado por 98 homens brancos, além de muitos escravos e índios.
Eleni afirma que foi o primeiro caminho terrestre utilizado pelas tropas de muares, ligando a região Sul ao restante do país. A partir desse caminho, os tropeiros chegavam ao Paraná e depois rumavam para Sorocaba por meio da incorporação de caminhos já existentes que ligavam Curitiba ao atual estado de São Paulo e de lá podiam seguir para Minas.
Referências:
Site da Prefeitura Municipal de Timbé do Sul
Paulo Hobold, A História de Araranguá. Reminiscências desde os primórdios até o ano de 1930. Porto Alegre : Palmarinca, 1994. Página 44
Fonte:
Ana Lúcia Pintro*
Professora Matemática (Criciúma e Cocal do Sul)
Acadêmica de Jornalismo (SATC)
Blog: Blog: Os alunos que calculavam