Pela primeira vez, moradores da comunidade quilombola da Tapera, em São Francisco do Sul, passaram a ter acesso à água tratada em suas residências. O que por décadas parecia um direito distante agora se torna realidade: a água limpa, vinda da rede pública, finalmente começa a correr nas torneiras dos moradores da comunidade na Rua Sebastião Nabor de Oliveira, onde vivem famílias que sempre dependeram de baldes, poços e ribeirões para suprir necessidades básicas.
Mais do que uma obra de infraestrutura, a chegada da água potável representa um marco de reconhecimento, dignidade e justiça social para uma comunidade que há gerações resiste, preserva sua cultura e luta por condições mais justas. A partir de agora, cada gota que sai das torneiras da Tapera carrega não apenas qualidade de vida, mas também o símbolo de um novo capítulo em sua história.
A emoção tomou conta dos moradores. Anele Ivanete do Rosário, de 78 anos, expressou o sentimento coletivo com palavras sinceras: “Em 78 anos que eu tenho, nunca tivemos acesso a água tratada. Sempre foi de cima, de poço, de balde… Hoje, eu estou satisfeita de verdade. Agradeço demais, do fundo do meu coração. Que Deus abençoe.”
*Água como símbolo de respeito*
A iniciativa é fruto de uma ação da concessionária Águas de São Francisco do Sul, uma empresa AEGEA, anunciada durante a Semana do Meio Ambiente. O comunicado oficial foi feito pela própria presidente da empresa, Reginalva Mureb, que destacou o valor simbólico da ação: “Levar água tratada a uma comunidade tradicional não é apenas uma melhoria de infraestrutura. É um gesto concreto de respeito à vida, à dignidade humana e ao direito básico à saúde.” No total, cinco famílias estão sendo beneficiadas com a chegada da água tratada.
Embora algumas áreas próximas já fossem atendidas pela rede pública, essa é a primeira vez que as famílias quilombolas da Tapera são diretamente incluídas no sistema de abastecimento. Uma conquista que, segundo os moradores, carrega décadas de invisibilidade e de resistência silenciosa.
A supervisora de operações da concessionária, Tamires Oliveira Gefune, também destacou o impacto social da medida. Para ela, água potável é sinônimo de qualidade de vida e bem-estar. “Hoje é um marco na nossa história aqui no município”, disse”. Ela reforçou que o trabalho da concessionária vai além do aspecto técnico: trata-se de um compromisso com comunidades que historicamente ficaram à margem das políticas públicas de saneamento. “É diferente quando a água boa chega pela torneira”, comentou dona Anele. “A gente sente que foi lembrado”, reforçou.