Maior compreensão sobre a doença oncológica e diagnóstico precoce favorecem o tratamento
Nos últimos anos, observou-se um aumento na incidência de câncer de mama entre mulheres com idade abaixo dos 40-45 anos, embora a maioria dos casos ainda ocorra após os 50 anos. “Esse crescimento é preocupante, pois elas frequentemente não estão no grupo de rastreamento rotineiro. Isso reforça a importância de se atentar para os sinais de alerta e buscar uma avaliação médica mesmo em idades mais jovens”, afirma a oncologista Rafaela Paiola, da Oncoclínicas Grande Florianópolis. A especialista considera que essa tendência pode estar relacionada a uma combinação de fatores ambientais, genéticos e de estilo de vida.
O avanço deste tipo de neoplasia em pacientes com idade inferior a 50 anos tem sido acompanhado com atenção e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o índice de ocorrência em mulheres com menos de 35 anos, que historicamente era de 2%, agora está entre 4 e 5%. O Panorama da Atenção ao Câncer de Mama no Sistema Único de Saúde, que avaliou procedimentos de detecção e tratamento entre 2015 e 2021, revelou que para a faixa etária de 30 a 49 anos, foram notificados 117.984 casos, o equivalente a 30,5% das novas ocorrências nesse período.
Os números acendem um sinal de alerta e a especialista explica que, geralmente, o tumor nesta etapa da vida tende a ser mais agressivo. Rafaela Paiola observa que entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento precoce da neoplasia estão alterações no estilo de vida, como obesidade, sedentarismo, consumo de álcool e tabagismo. “O tecido adiposo aumenta a produção de estrogênio, um hormônio que pode estimular o crescimento de células tumorais”, complementa.
A médica cita também a exposição hormonal prolongada pelo uso de contraceptivos, já que muitas estão optando por ser mães mais tarde, ou até mesmo não ter filhos, o que estende o uso do estrogênio antes da primeira gestação, podendo contribuir para a ampliação do risco. Há ainda o fato de que mulheres mais jovens que desenvolvem câncer de mama têm maior probabilidade de carregar mutações hereditárias nos genes BRCA1 e BRCA2, aumentando a chance de ter este tipo de câncer e de ovário. Por isso, é importante ficar atento ao histórico familiar relacionado à neoplasia, com o objetivo de iniciar o acompanhamento mais cedo, como a mamografia a partir dos 35 anos, conforme orienta o Ministério da Saúde.
A especialista considera também que a maior compreensão sobre a doença oncológica e o uso de exames de imagem mais sofisticados podem estar levando a um diagnóstico mais precoce, o que contribui para a percepção de um aumento da incidência nesse público. “Muitas jovens, antes não rastreadas, agora buscam avaliação precoce devido à conscientização”, acrescenta.
Sinais de alerta
Em Santa Catarina, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de 3.860 novos casos neste ano, sendo 340 em Florianópolis. Conforme o Ministério da Saúde, quando o tumor já se encontra com manifestações clínicas, em 90% das vezes ele se apresenta como nódulo palpável na mama. Mas existem outros sintomas que também podem indicar a presença da doença, sendo geralmente sinais inflamatórios que não respondem a tratamentos tópicos com cremes dermatológicos, por exemplo.
São eles: retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja; saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo, chegando até a sujar o sutiã; vermelhidão da pele do local; pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço. Outros sinais que também podem ocorrer são a inversão do mamilo, inchaço da mama e dor no local. “Diante deste quadro, é importante procurar uma consulta médica, pois o câncer de mama, quando diagnosticado e tratado precocemente, tem 95% de chance de ser controlado”, pondera a oncologista.
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Luciana Moglia
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Tiago Ritter
Juliane Soska