Tecnologia e saúde mental: Os desafios psicológicos na era digital

Estima-se que uma em cada dez pessoas dessa faixa etária conviva com ao menos um transtorno mental diagnosticável, aponta estudo publicado na JAMA Psychiatry

De acordo com uma análise realizada pelo Global Burden of Disease Study (GDB), os transtornos mentais afetam de maneira significativa a vida de crianças e jovens entre 5 e 24 anos. O suicídio do jovem Sewell Setzer, adolescente de 14 anos, trouxe um novo olhar sobre a saúde mental de jovens em todo o mundo.

O adolescente, que sofria de dificuldades emocionais e tinha uma dependência de uma plataforma de inteligência artificial, a Character.AI — que permite interações com chatbots de personagens de filmes e séries —, usava a plataforma para se comunicar com uma versão digital da personagem Daenerys Targaryen, de Game of Thrones. A mãe de Sewell, Megan Garcia, alegou em processo judicial que a plataforma incentivou o suicídio, uma vez que, durante as conversas, o jovem expressou pensamentos suicidas.

Esse caso trágico alerta para os riscos do isolamento emocional proporcionado por tecnologias como os chatbots. “A troca com uma máquina, por mais sofisticada que seja, nunca vai substituir a complexidade do contato humano”, afirma Ana Matos, psicanalista e autora de O Caminho para o Inevitável Encontro Consigo Mesmo. “Especialmente para os adolescentes, que estão em fase de formação de identidade, o apoio psicológico adequado é crucial para ajudá-los a lidar com seus conflitos internos de maneira saudável e construtiva.”

A psicanalista e filósofa explica que o contato com profissionais treinados oferece não apenas um espaço seguro para expressar emoções, mas também orientações essenciais para o desenvolvimento emocional e a compreensão de como lidar com as novas tecnologias.

O uso crescente de tecnologias digitais entre jovens pode agravar problemas de saúde mental, especialmente em contextos vulneráveis. A interação com personagens virtuais pode parecer um alívio temporário, mas cria um falso senso de conexão, afastando o adolescente de ajuda real. “A falta de acompanhamento terapêutico pode intensificar sentimentos de desesperança e solidão, pois as tecnologias não têm a capacidade de compreender e responder ao sofrimento humano da mesma forma que um profissional capacitado faria”, afirma Ana Matos.

Além do suporte profissional, é fundamental que pais, educadores e plataformas digitais se conscientizem sobre o impacto que essas ferramentas podem ter na saúde mental dos jovens. O caso de Sewell destaca a importância de monitorar o uso dessas tecnologias e incentivar diálogos abertos sobre saúde emocional. “A prevenção é sempre o primeiro passo”, afirma a psicanalista. “Garantir que os adolescentes tenham acesso a acompanhamento terapêutico contínuo pode ser a chave para evitar tragédias como essa.”

A tragédia de Sewell Setzer expõe de maneira dolorosa os riscos do uso desenfreado de tecnologias imersivas, sublinhando a urgência de um acompanhamento psicológico adequado, especialmente entre os jovens. “Não podemos subestimar o poder de uma escuta atenta e de um diálogo profundo. O apoio humano é essencial para superar as adversidades da vida. Assim como não podemos superestimar o poder da tecnologia, especialmente a inteligência artificial”, afirma Ana Matos, lembrando que, no final, é a conexão real e empática que oferece mais do que recursos e ferramentas. “A verdadeira cura vem do acolhimento da dor de forma humana e do afeto necessário para lidar e superar o sofrimento emocional.” finaliza a profissional.

Obra sobre saúde mental

A psicanalista Ana Matos acaba de lançar a 2ª edição de seu livro “O Caminho para o Inevitável Encontro Consigo Mesmo”, que convida os leitores a refletir sobre a busca por autoconhecimento em meio às rotinas automáticas da vida moderna. A obra aborda como as escolhas que fazemos moldam nossa identidade e nos encoraja a questionar as normas sociais que muitas vezes nos afastam de nossos verdadeiros anseios. Com uma linguagem acessível e provocativa, Ana oferece uma reflexão, por meio de textos diversos, para aqueles que buscam preencher o vazio existencial que pode surgir apesar das conquistas diárias.

Quem é a Ana Matos?

Ana Matos é filósofa e psicanalista com mais de 18 anos de experiência de atuação clínica. Com especializações e estudos em áreas como a terapia cognitiva, a terapia comportamental dialética, Psicanálise e Análise do Contemporâneo, Psicologia Positiva, Educação Cognitiva, Meditação, entre outras. Em seu perfil, no Instagram ‘@anamatospsi’ seus mais de 130 mil seguidores acompanham suas reflexões sobre psicanalise e autoconhecimento.

 

Fonte da informação

Luana Clara de Souza
[email protected]

Últimas notícias

Indústrias de arroz mantêm otimismo para 2025

Sendo um dos alimentos mais consumidos no Brasil e...

Furto em empresa foi registrado pela PM de Araranguá

A guarnição policial, já ciente do furto de uma...

Lancha desacopla de engate e atinge fachada de loja em Araranguá

A Guarnição do ABTR- 121 de Araranguá foi acionada,...

SC será sede das finais da Copa Brasil de Vôlei 2025

O prefeito de São José, Orvino Coelho de Ávila,...

Prefeito de Joinville ajuda a socorrer homem que sofreu afogamento em São Francisco do Sul

Por volta das 19h30 de quarta-feira (25), um homem...

Notícias Relacionadas