Um relatório divulgado no ano passado pela American Cancer Society calculou que 20% dos diagnósticos de câncer colorretal (cólon/intestino grosso e reto) realizados nos Estados Unidos em 2019 aconteceram em pacientes com menos de 55 anos. Comparativamente, é o dobro do que era observado em 1995 nessa faixa etária. De acordo com os autores, as taxas de detecção desta doença em estágio avançado cresceram cerca de 3% ao ano entre indivíduos que ainda não completaram 50 anos. Os dados dos Estados Unidos apontam 19,5 mil casos e 3,7 mil mortes por câncer colorretal entre os mais jovens em 2023.
Essa crescente incidência de câncer colorretal em jovens é um dos temas de destaque do IV Congresso Brasileiro de Câncer Digestivo, organizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), que acontece de 28 a 30 de novembro no Centro de Convenções Majestic Palace Hotel, em Florianópolis. Com ampla programação científica, o evento abordará também os principais assuntos em prevenção, diagnóstico e tratamento de tumores de esôfago, estômago, fígado, peritônio, entre outros, incluindo tumores raros e câncer hereditário. Mais informações e inscrições em https://www.oncogi2024.com.br/.
Em todo o mundo, o câncer colorretal é o terceiro mais comum, com 1,7 milhão de novos casos anuais e o segundo que mais mata, com 758 mil óbitos registrados em 2022, segundo a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS). Além disso, a doença é o câncer mais comum em homens da faixa de 40 a 49 anos. No Brasil, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que o câncer colorretal é o segundo mais incidente tanto em homens, quanto em mulheres, registrando, respectivamente, 21.970 e 23.660 novos casos previstos para 2024.
De acordo com o cirurgião oncológico Paulo Roberto Stevanato Filho, diretor de Ensino e Residência Médica da SBCO e titular do Centro de Referência de Tumores Colorretais e Sarcomas do A.C.Camargo Cancer Center, o aumento dos casos de câncer colorretal abaixo dos 50 anos está associado a uma rotina de vida que está longe de ser saudável. “Vemos hoje uma predominância do consumo em excesso de alimentos industrializados e baixa ingestão de fibras. Com isso, temos a alta incidência, nesta faixa etária, de câncer esporádico, ou seja, sem associação com hereditariedade.”, afirma.
Em artigo publicado no Journal of the National Cancer Institute por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, são trazidos dados de um estudo de caso-controle combinado de 5.075 casos de câncer colorretal abaixo dos 50 anos, aponta que os principais sinais e sintomas de alerta para reconhecimento precoce da doença nessa faixa etária são dor abdominal, sangramento retal, diarreia e anemia por deficiência de ferro. Em números, o trabalho mostra que ter 1, 2 ou pelo menos 3 desses sinais e sintomas foi associado a um aumento, respectivamente de 1,94; 3,59 e 6,52 vezes, respectivamente, com associações mais fortes para idades mais jovens. Aproximadamente 19,3% dos pacientes tiveram o primeiro sinal ou sintoma entre três meses e dois anos antes do diagnóstico e aproximadamente 49,3% tiveram o primeiro sinal ou sintoma dentro de três meses após o diagnóstico. “Caso seja diagnosticado durante o acompanhamento uma síndrome familiar com predisposição para o câncer, as idades e a periodicidade dos exames podem variar quanto a prevenção.”, completa Paulo.
OBESIDADE E CÂNCER COLORRETAL EM JOVENS – Estudos investigam a relação entre excesso de gordura no organismo e casos de câncer colorretal. Trabalho multicêntrico, publicado em abril na Science Advances, mostra que a associação genômica ampla em 460.198 participantes do Biobanco do Reino Unido, foram identificadas 3.414 variantes genéticas em quatro formas corporais e se confirmou que a ocorrência da doença é maior naqueles com mais tecido adiposo. “Quanto maior é a gordura visceral, aquela que se acumula na barriga, mais a pessoa está suscetível a desenvolver câncer colorretal”, analisa Stevanato Filho.
RASTREAMENTO ANTECIPADO PARA 45 ANOS? – O crescente número de casos de câncer colorretal até a quinta década de vida amplia o debate sobre a faixa etária ideal para início do rastreamento por colonoscopia. A SBCO, como também a Sociedade Americana de Câncer, preconiza o início do rastreamento aos 45 anos – ou até antes, se houver histórico familiar. “Em caso de história familiar, o ideal é fazer a primeira colonoscopia dez anos antes da idade do familiar que descobriu a doença, ou seja, se houve o diagnóstico de algum parente aos 35 anos, o rastreamento nos demais membros deve começar aos 25”, explica Stevanato Filho. Vale ressaltar que o câncer colorretal pode se desenvolver silenciosamente por um tempo, sem apresentar nenhum sintoma. Quando o paciente apresenta sintomas, já pode ser sinal de uma doença mais avançada.
Ainda que possa se desenvolver em jovens, o câncer colorretal é mais comum a partir dos 50 anos. Por isso, a idade é tida como um dos pontos de atenção ao surgimento da doença. Mas não é só. Os principais fatores de risco para o câncer colorretal:
- Hábitos alimentares não saudáveis
- Dieta pobre em fibras, com consumo excessivo de alimentos processados e carne vermelha;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Tabagismo e alto consumo de bebidas alcoólicas;
- Histórico familiar de câncer colorretal, de ovário, útero e/ou câncer de mama;
- Preexistência de doenças como retocolite ulcerativa crônica, doença de Crohn e doenças hereditárias do intestino.
QUANDO A CIRURGIA É INDICADA – A cirurgia para o câncer colorretal é o principal tratamento deste tipo de câncer, sobretudo em estágio inicial. A indicação, assim como o objetivo da cirurgia (se curativa ou paliativa), deve ser determinada pelo cirurgião e a equipe que acompanha cada paciente. O tratamento consiste na ressecção de tumores no cólon e no reto (ânus). Dependendo do estadiamento (fase em que a doença é diagnosticada), o cirurgião também faz a retirada dos gânglios linfáticos próximos e anastomose (emenda) das duas extremidades livres do intestino.
No cenário de doença mais avançada, quando o câncer penetrou a parede do intestino grosso e disseminou para gânglios linfáticos próximos, a quimioterapia pode ser adotada em algum momento do tratamento, tanto antes, quanto após a cirurgia. A Radioterapia, por sua vez, não é um tratamento indicado para tumores no intestino, mas sim para casos selecionados de tumor no reto. “Na maioria dos casos, o câncer colorretal é tratado, principalmente, com cirurgia. Poder oferecer as técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia e robótica, representará um importante ganho em qualidade de vida para os pacientes”, destaca o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO e titular do Hospital de Base, de Brasília.
SINTOMAS E SINAIS
- Presença de sangue nas fezes;
- Alternância entre diarreia e prisão de ventre;
- Alteração na forma das fezes (muito finas e compridas);
- Perda de peso sem causa aparente;
- Sensação de fraqueza e/ou diagnóstico de anemia;
- Dor ou desconforto abdominal, e
- Presença de massa abdominal (que pode ser indicativa de tumor).
Ao apresentar algum desses sinais de forma frequente, é importante passar pela avaliação de um médico especializado. Além do câncer, estas ocorrências podem indicar a presença de outras doenças que também precisam de tratamento.
SERVIÇO
IV Congresso Brasileiro de Câncer Digestivo
Realização: Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO)
Data: 28 a 30 de novembro
Local: Centro de Convenção Majestic Palace Hotel
Endereço: Avenida Jornalista Rubéns de Arruda Ramos, 2746 – Florianópolis/SC
Inscrições e programação: https://www.oncogi2024.com.br/
Agendamento de cobertura de imprensa: [email protected] / 55 (11) 98203-4946 ou [email protected] / 55 (11) 997335588
Sobre a SBCO – Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro (2023-2025).
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Moura Leite Netto