Agora que o Trump vai subir nas tamancas. O Brics prepara o Brics Pay, ou Pix Global, uma versão do Pix brasileiro que poderá ser usada entre os 11 países do bloco econômico nas transações comerciais, para reduzir a dependência do dólar.
O novo pix internacional vai permitir transferências instantâneas e seguras de valores entre os países do bloco, o que deverá revolucionar o comércio de exportações e importações porque a plataforma para transações terá liquidação direta nas moedas de cada país, sem a dependência do dólar e do euro como intermediários.
Assim, a novidade pode diminuir custos e a exposição a sanções financeiras internacionais. A ideia é lançar o Brics Pay até o final deste ano e os países integrantes já estão acelerando a implementação.
Como vai funcionar
O BRICS é um grupo de cooperação internacional composto por 11 países-membros e 10 países-parceiros. Os membros fundadores são Brasil, Rússia, Índia, China e, posteriormente, a África do Sul.
Depois, entraram também Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. O grupo é presidido rotativamente pelo Brasil em 2025.
Hoje, juntos, os países integrantes do BRICS respondem por 30% da economia mundial e por 24% do comércio global.
A base será de vários sistemas
A principal vantagem, do Brics Pay além da transparência e da agilidade nas transações, está nos custos reduzidos para os países que compram e vendem mercadorias.
Desenvolvida em conjunto pelos membros do bloco, a iniciativa é baseada em um sistema descentralizado de mensagens fronteiriças (DCMS) criado pela Universidade Estatal de São Petersburgo (Rússia). A plataforma oferece transações rápidas e seguras, com diferentes protocolos de criptografia.
A solução vai reunir o sistema de pagamento SBP da Rússia, usado por mais de 200 instituições e que realiza transferências a partir de números de telefone.
O sistema IBPS da China, com transações em yuan por múltiplos canais, e o UPI da Índia, interface em uso desde 2010, também farão parte.
Sem grandes bancos
Porém o “Pix do Brics”, como também é chamado, opera de maneira independente de um controlador central, diferentemente do sistema SWIFT, associado a grandes bancos.
Tecnologias como blockchain, carteiras digitais e QR Code vão integrar o mecanismo, que terá canais de comunicações entre as autoridades monetárias dos países envolvidos para agilizar as operações;
Na prática, um brasileiro em viagem a um dos países do Brics conseguirá usar os meios de pagamentos com os quais está acostumado, via QR Code, sem depender de outras soluções. O mesmo acontecerá com viajantes dessas nacionalidades durante a passagem pelo Brasil.
Como estão os testes
No momento, Rússia e China são os países mais avançados nos testes do Pix Global, informou o TecMundo.
O Brasil também tem demonstrado interesse em utilizar a tecnologia nas operações envolvendo exportações agrícolas e de energia para os parceiros do Brics, mas ainda é preciso superar alguns desafios para que isso aconteça.
Quando começar a operar de maneira mais ampla, o que pode acontecer ainda em 2025, a depender de uma série de fatores, o mecanismo também deverá contar com a participação de mais países recém-incluídos ao bloco, como Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Indonésia.
A meta do grupo é que o Brics Pay movimente o equivalente a centenas de bilhões de dólares por ano, em 2030, mas sem envolver a moeda americana.
Com isso, a plataforma se tornaria o principal canal de transações comerciais entre os países emergentes, como preveem especialistas.
Trump ameaça retaliações
O presidente dos Estados Unidos já disse que não gostou da ideia e deve fazer pressões para que países que estão fora do Brics não entrem no Pix Global.
Ele já ameaçou, inclusive, aumentar as tarifas sobre as importações dos integrantes.
Fonte daInformação | Só Notícia Boa