Novembro roxo: fatores de risco, cuidados e direitos do bebê prematuro

Pediatra Giselle Pulice diz que até infecção de urina pode aumentar as chances de parto prematuro e defende acompanhamento humanizado da família sobre os cuidados com o bebê e seus direitos

O problema da prematuridade atinge 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo. Um em cada dez bebês nasce prematuro e esse índice continua aumentando, apesar do número total de nascimentos estar diminuindo gradativamente. “Quanto mais prematuro for o bebê, menos maduros serão os seus órgãos e seu sistema imune e maior será o risco de complicações. Por isso, são necessários exames complementares e visitas frequentes ao pediatra, principalmente nos primeiros meses de vida”, afirma a médica pediatra Giselle Pulice.

Apesar do medo e da insegurança, a médica destaca que os avanços da medicina e, em especial, do diagnóstico e do tratamento do recém-nascido na UTI neonatal, têm possibilitado que um número cada vez maior de bebês prematuros sobreviva. “Existe sim, uma melhora nos últimos anos nas taxas de sobrevida desses bebês e isso quer dizer que não há espaço para desesperança. A melhoria nas leis que regem a permanência desse bebê no hospital também são fatores positivos porque a presença dos pais na UTI em tempo integral acalma o coração dos pais, facilita tirar as dúvidas no momento da visita do médico e o conhecimento traz mais tranquilidade para a família”, diz Giselle.

Cuidados e desenvolvimento do bebê prematuro: o que esperar?

Os bebês prematuros precisam de um olhar cauteloso do pediatra, principalmente em relação ao seu ganho de peso, crescimento e desenvolvimento, pois muitos nascem com baixo peso. Para esses casos existem condutas diferentes para exames, suplementações e medicações quando comparadas ao que é indicado para bebês nascidos a termo (com idade gestacional entre 37 e 42 semanas). O desenvolvimento do bebê segue a referência da idade “corrigida” e não cronológica.

A médica reforça que um bebê prematuro terá o acontecimento dos marcos mais tardios em relação a um bebê que nasceu na data certa, podendo gerar ansiedade quando há a comparação. De toda forma, assim como nos bebês nascidos a termo, é preciso avaliar os marcos do desenvolvimento em cada consulta porque cada bebê é único e o desenvolvimento precisa acontecer no tempo certo para cada um.

“Como o parto prematuro acontece de surpresa, os pais geralmente não se prepararam e ficam muito assustados. Depois da alta da UTI, percebo que o sentimento de insegurança aumenta, apesar da felicidade de estar em casa, porque o bebê parece muito frágil e passou por uma internação difícil. E com razão, esses bebês devem ser olhados com mais cautela e as famílias precisam de acolhimento, apoio e segurança de informações e de condutas atualizadas. Mas, é importante ressaltar que bebês prematuros são guerreiros e trazem consigo ensinamentos de vida! É especial e muito engrandecedor vê-los lutar pela vida. São inúmeras histórias lindas de superação e milagres que podem inspirar a família a acreditar que vai sair vitoriosa”, diz a médica.

Direitos da família e do bebê

“Algo que muitos pais não sabem, e sempre gosto de reforçar nas minhas consultas, diz respeito aos direitos dos pais e do bebê prematuro. Como, por exemplo, que qualquer um dos pais têm o direito de ficar com o filho na UTI neonatal em tempo integral. É um direito previsto em lei tanto para unidades neonatais de terapia intensiva, como de cuidados intermediários. Costumo falar que ‘Pai e mãe não é visita’, então eles têm esse direito assegurado por lei”, orienta a médica.

Outra coisa importante é o tempo de licença maternidade. Para mães que tiveram filhos internados por mais de 14 dias, a licença maternidade pode ser estendida pelo número de dias que a criança ficou internada. A licença do pai por direito são cinco dias de afastamento do trabalho sem prejuízos, mas, se o empregador estiver dentro do Programa Empresa Cidadã, o período sobe para 20 dias.

Fatores de risco para a prematuridade

  • Idade materna extremas: menos de 20 ou mais de 40 anos;
  • Gravidez de múltiplos;
  • Doenças como pressão alta e diabetes na gestação;
  • Infecções na gestação, inclusive de urina;
  • Alterações no útero (abertura do colo do útero ou colo curto);]
  • Descolamento de placenta;
  • Diabetes gestacional;
  • Pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial na gravidez);
  • Ter tido um parto prematuro prévio;
  • Uso de cigarros e álcool na gestação;
  • Miomas;
  • Alterações clínicas na gestante ou no feto que demandem interrupção ante do tempo.
 

Contatos da assessoria

Karolina Vieira <[email protected]>

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