Na semana em que se celebra o Dia Mundial da Conscientização sobre a Acessibilidade, três moradores cegos de Criciúma viveram uma experiência diferente. Eles assistiram ao espetáculo de bonecos Pulcinella e o Monstro, que contou com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e interpretação em Libras. A apresentação ocorreu na noite da última terça-feira, dia 13, no teatro da Estação Cidadania – Cultura (Praça CEU), no bairro Progresso, para um público de cerca de 50 pessoas.
Antes do início da peça, o ator e bonequeiro Marcelo Ciepielewski, a atriz Victória João e o produtor Antonio Rozeng, acompanhados pelo audiodescritor Anderson Nepomuceno, conduziram um tour tátil pelo espaço cênico. Os participantes puderam tocar nos bonecos, cenários e instrumentos musicais utilizados na apresentação, explorando os elementos da cena por meio do tato.
Delfino da Rosa Cunha, de 51 anos, morador do bairro Santa Luzia, contou que foi uma experiência inédita.
“Eu nunca tinha participado de uma peça com audiodescrição. Foi interessante estar ali, ouvindo e entendendo o que estava acontecendo. É importante para a gente, que é cego, ter algo novo na vida, para sair de casa e se integrar com a sociedade. Estou muito feliz por estar aqui”, afirmou Delfino, que participou da atividade acompanhado do amigo Toni Nunes, também cego.
A moradora do bairro Santo Antônio, Daiane Rodrigues, de 37 anos, também com deficiência visual, reforçou a importância da acessibilidade nas artes.
“Em tudo que tem audiodescrição, eu participo. Porque conseguimos entender melhor, ter uma noção do que está acontecendo, conseguimos rir junto com o público. Isso dá vontade de sair de casa e participar”, contou Daiane. Segundo ela, quando uma pessoa cega vai a um lugar sem esse recurso, muitas vezes se sente “um peixinho fora d’água”. “A audiodescrição nos faz querer sair, participar do teatro, de eventos culturais que conseguimos compreender”, completou.
Libras
A apresentação também contou com a presença da intérprete de Libras Katia Tomasi. Para ela, promover a inclusão é garantir direitos.
“Não podemos impedir ninguém. Todo mundo tem o direito de ir e vir. Uma pessoa surda, assim como uma pessoa cega, tem o direito de estar em qualquer lugar. Quando o ambiente é acessível, existe inclusão”, destacou.
A atriz Victória João reforça o compromisso do grupo com a democratização do acesso à cultura.
“Queremos levar o teatro a todos os públicos e faixas etárias, como forma de inclusão e valorização da cultura”, afirmou.
A data e as próximas apresentações
O Dia Mundial da Conscientização sobre a Acessibilidade é celebrado na terceira quinta-feira de maio. A data promove reflexão e ações voltadas ao acesso e à inclusão de pessoas com deficiência em todos os espaços da sociedade.
O espetáculo Pulcinella e o Monstro faz parte de uma circulação com 13 apresentações pela cidade de Criciúma. As próximas sessões serão:
Dia 19, no Clube de Mães do bairro Santa Luzia;
Dia 22, às 12h30, na Praça Nereu Ramos;
E uma apresentação especial na Casa Guido, com data a ser agendada.
A produção é da Enluaratus Comunicação e Cultura, em parceria com a Cyathus Teatro de Animação. A circulação do espetáculo é viabilizada pela Política Nacional Aldir Blanc, com apoio do Ministério da Cultura e da Fundação Cultural de Criciúma.
Sobre o espetáculo
Pulcinella e o Monstro utiliza a tradicional técnica italiana de teatro de bonecos conhecida como Pulcinella. A trama acompanha o personagem cômico e improvisador Pulcinella em situações perigosas, enfrentando monstros em um mundo repleto de desafios. Com criatividade e bom humor, ele encontra soluções inesperadas para escapar ou até mesmo derrotar os inimigos.
Fonte: Antonio Rozeng
