Entre todos os mitos que atravessam o Tarô Mitológico, poucos são tão delicados, profundos e próximos da nossa experiência humana quanto a história de Eros e Psiquê. Um mito que fala de amor, sim — mas, acima de tudo, fala sobre confiança, desejo, vulnerabilidade e o processo muitas vezes doloroso de amadurecer emocionalmente.

Na carta Os Amantes do Tarô Mitológico, esse casal aparece como símbolo do amor que nasce da alma. Porém, como todo arquétipo verdadeiro, seu significado ultrapassa a imagem e alcança o campo íntimo do cotidiano: nossas escolhas, nossos relacionamentos, nosso medo de perder e nossa necessidade (muitas vezes desesperada) de controle.
As profundas camadas do mito: Psiquê, humana de beleza rara, desperta ciúmes em Afrodite. Para castigá-la, a deusa envia seu filho, Eros, para fazê-la se apaixonar por alguém indigno. Mas o imprevisível acontece: Eros se apaixona por ela.
Ele a leva para um palácio encantado, onde a visita todas as noites — sempre no escuro. Psiquê conhece o amor, a doçura, a presença. Mas não conhece o rosto do amado. O amor cresce. O medo, também. Instigada pela dúvida, Psiquê acende uma lamparina para vê-lo — e, nesse gesto, rompe o pacto que sustentava a relação. Eros se afasta. Psiquê desaba. E, então, começa a parte mais simbólica do mito: seu processo de provação, crescimento e reconstrução de si.
Ela enfrenta tarefas impossíveis impostas por Afrodite — tarefas que representam, metaforicamente, aquilo que todos nós enfrentamos quando precisamos amadurecer para amar de forma mais consciente. No fim, Psiquê renasce. Eros retorna. Não como fuga ou fantasia — mas como amor que atravessou a prova da verdade.
O arquétipo na realidade reflete: Quando acendemos a lamparina?
A história de Eros e Psiquê é, antes de tudo, um espelho. Quem nunca acendeu uma luz onde deveria confiar no invisível? Quem nunca buscou garantias, certezas e respostas imediatas no campo do afeto? Quem nunca tentou controlar o que só pode florescer no tempo certo?
No Tarô Mitológico reflete a dinâmica do desejo e da alma, quando o arquétipo aparece na leitura — e especialmente quando surge na forma dos Amantes — ele não fala apenas de romance. Ele fala de escolhas essenciais, de integração do desejo com a consciência, de amadurecimento emocional, de testes de confiança, e da pergunta que sempre ecoa neste mito: Você está pronta para amar o outro. sem perder a si mesma?
O mito nos lembra que: O amor genuíno pede coragem, a alma pede verdade, o desejo pede presença. E, toda relação pede maturidade — não aquela que sufoca, mas a que expande.
Eros e Psiquê atuam em pequenas e grandes situações da vida: Quando desconfiamos demais do que sentimos. Quando queremos respostas imediatas. Quando buscamos controlar o amor por insegurança. Quando somos chamados a crescer para sustentar uma relação. Quando precisamos equilibrar desejo e intimidade. Quando percebemos que amar também é confiar na parte invisível.
E sua grande lição “ o amor só se sustenta quando a alma amadurece para guardá-lo”. Há histórias que não pertencem ao tempo. Pertencem à alma.
Entre os mitos que habitam o Tarô Mitológico, nenhum respira tão perto do coração humano quanto Eros e Psiquê — um encontro que nasce no escuro, cresce no mistério e só floresce quando a alma aprende a enxergar com os olhos fechados.
Psiquê ao iluminar o rosto do amado, apaga a própria paz. E começa o movimento mais importante do mito: o de se reconstruir para amar de verdade. Cada prova que ela enfrenta não é castigo, é lapidação. É a alma aprendendo a sustentar aquilo que deseja. E no fim — sempre no fim — os dois se reencontram. Não como sombra e busca, mas como dois seres que finalmente aprenderam a olhar um ao outro com a mesma luz.
Quando acendemos luzes demais por medo do escuro — e esquecemos que alguns amores só florescem na penumbra da confiança. Quando o amor cria desafios que não são obstáculos, mas portais, percebemos que amar é, antes de tudo, transformar-se. Quando o desejo encontra a alma não basta atrair o outro, é preciso reconhecê-lo. E quando não basta amar, é preciso se permitir ser amado.
A presença do arquétipo no dia a dia sussurra em nossos gestos mais discretos: quando desconfiamos do amor sem motivo e buscamos garantias no invisível. Quando a vida pede coragem para sustentar o que desejamos e a relação nos convida a amadurecer em silêncio. Eles aparecem sempre que o amor pede mais do que emoção: pede consciência. pede entrega. pede tempo.
No Tarô Mitológico quando Eros e Psiquê surgem numa leitura, eles trazem um chamado: Você deseja amar… ou apenas ser amado? Você quer controlar… ou confiar? Você está pronto para crescer junto — ou ainda precisa crescer sozinho?
Porque este arquétipo não fala apenas de romance. Fala da aliança entre desejo e alma, luz e sombra, impulso e consciência. Fala da poesia silenciosa que existe no ato de escolher alguém — e de se escolher junto. E, talvez, esta seja sua dança mais bonita: Só há amor verdadeiro quando a alma aprende a ver o outro mesmo antes da luz!

Tiragem quinzenal — Tarô Mitológico
Cartas do Tarô Mitológico
Tiragem:25/11/2025
Taróloga: Juliana Natal
ATITUDE — Os Namorados (Eros & Psiquê) A atitude da semana é um chamado para escolher com o coração consciente. Os Namorados, no Tarô Mitológico, são Eros e Psiquê — o amor que nasce no invisível, que desafia o medo e que pede maturidade antes de florescer. A atitude pedida para a quinzena é: Escolher com autenticidade. Honrar a verdade do coração. Alinhar desejo e alma. Não agir por impulso, nem por medo. Permitir que a intuição guie mais do que a ansiedade É um período para unir razão + alma, desejo + consciência, caminho + propósito.
FUTURO — 9 de Copas (O Cálice da Plenitude) – O 9 de Copas é a promessa doce do período: o contentamento emocional, a satisfação, o prazer tranquilo, a alegria que não precisa fazer barulho para existir. No Tarô Mitológico, essa carta é o momento em que o coração repousa em si mesmo. Ela anuncia: Um desejo emocional sendo atendido. Um período de paz interna. Harmonia com o próprio sentir. Uma vitória afetiva. Um momento de celebrar o que já existe. É um futuro próximo que traz alegria suave e verdadeira, aquela sensação de “finalmente algo está se encaixando”.
BLOQUEIO — 10 de Paus (O peso que já não é seu) – O 10 de Paus mostra aquilo que pesa, que pressiona, que suga energia — muitas vezes tarefas, responsabilidades ou cobranças que você abraçou sozinha, sem perceber. O bloqueio deste período é: Carregar mais do que deveria. Sentir-se sobrecarregado. Assumir responsabilidades que não são suas. Exigir de si mais do que o possível. Tentar controlar tudo
A mensagem é clara: Você não precisa sustentar o mundo nas costas. Soltar também é uma escolha. O arquétipo aqui é de descompressão emocional: largar o que exaure para poder abraçar o que vibra.
PERSPECTIVA PRÓXIMA — Pajem de Copas (O Mensageiro do Coração) – A próxima quinzena traz frescor emocional, leveza e início de um novo ciclo afetivo ou sensível. O Pajem de Copas é: a primeira batida de um novo sentimento, a chegada de uma mensagem emocional, um convite para a sensibilidade, uma abertura intuitiva, o retorno da criatividade, o renascimento da delicadeza. Ele anuncia: um sinal de amor, um gesto gentil, uma inspiração nova, uma conversa que toca, uma conexão que desperta, um afeto que se renova. É a alma dizendo: “Agora que você soltou o peso, posso te entregar o novo.”
Síntese: Os Namorados pedem uma escolha consciente. O 9 de Copas confirma que essa escolha trará alegria. O 10 de Paus revela o que precisa ser abandonado. O Pajem de Copas abre um novo ciclo emocional, mais leve e intuitivo. Escolha com verdade. Solte o que pesa. Acolha o que chega. O coração está prestes a florescer.
Por Juliana Natal





















