Apesar de emitir uma medida protetiva por minuto, Brasil tem 5 feminicídios por dia em 2023

Até 24 de março deste ano, tinham sido emitidas 86.805 medidas protetivas; até 31 de março, 449 mulheres tinham sido assassinadas

O Brasil emitiu, em média, uma medida protetiva a vítimas de violência doméstica por minuto no ano passado. Foram 553.391 documentos apresentados pelas justiças estaduais, conforme levantamento do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Apesar do número, o país registrou 1.706 feminicídios em 2023 — média de quase cinco crimes por dia. Até 24 de março deste ano, tinham sido emitidas 86.805 medidas protetivas — média de 0,72 por minuto.

Entre 1º de janeiro e 31 de março, 449 mulheres foram mortas no Brasil. A contagem de feminicídios é feita pelas universidades Estadual de Londrina (UEL), Federal de Uberlândia (UFU) e Federal da Bahia (UFBA).

O advogado criminalista e especialista em violência doméstica Rafael Paiva explica que o elevado número de feminicídios no Brasil justifica a necessidade de emissão de cada vez mais medidas protetivas.“O que acontece é que muitas [medidas protetivas] são descumpridas pelos agressores. Então, nós temos, em alguns casos, um pedaço de papel chamado de mandado judicial de medida protetiva, que simplesmente é desconsiderado.”

(RAFAEL PAIVA, ADVOGADO CRIMINALISTA E ESPECIALISTA EM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA)

Na avaliação de Paiva, o agressor com intenção real de matar a companheira não respeita a medida. “Por isso, é importante ter, em alguns casos, dois pontos importantíssimos. O juiz tem de analisar se não é o caso de converter a medida protetiva numa prisão preventiva ou de decidir que o agressor use tornozeleira eletrônica”, acrescenta o advogado, que também é professor de direito penal, processo penal e Lei Maria da Penha.

A sugestão de monitorar eletronicamente os acusados por violência doméstica foi feita no mês passado pelo CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O objetivo é garantir que as medidas protetivas de urgência sejam efetivas.

Após a recomendação, o R7 apurou que o Brasil precisaria comprar 399.882 tornozeleiras eletrônicas para cumprir a sugestão. Até dezembro do ano passado, data da atualização mais recente, o país tinha 153.509 equipamentos, segundo a Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais).“Nós já temos hoje tecnologia mais do que suficiente para mapear para onde o agressor está indo, inclusive com aviso à polícia, à guarda civil, quando se aproximar da vítima. Então, a medida protetiva, em si, é muito importante e funciona na maior parte dos casos. Mas, infelizmente, nesses casos mais graves, a única medida que funciona é a prisão ou, no mínimo, a tornozeleira eletrônica.”

(RAFAEL PAIVA, ADVOGADO CRIMINALISTA E ESPECIALISTA EM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA)

Últimas notícias

Tubarão estreia na 18ª edição do Parajasc

Tubarão está oficialmente na disputa da 18ª edição dos Jogos...

Judô de Tubarão retorna às competições com pódio no campeonato regional

A Associação de Judô do Sul de Santa Catarina,...

Homem é preso por agredir companheira na frente das filhas em Forquilhinha

Um homem de 21 anos foi preso por violência...

Homem é esfaqueado pelo próprio primo em bar

Um homem foi esfaqueado em Braço do Norte. Segundo a...

Doenças respiratórias segue como desafio crescente para a saúde pública

No próximo dia 25, é o Dia Mundial do...

Notícias Relacionadas