Mercado da soja reage a tensões comerciais entre EUA e China

Brasil pode ganhar espaço com tarifas chinesas.

A cotação da soja encerrou a última semana com alta, em meio à instabilidade provocada pela guerra tarifária entre Estados Unidos e China e pela divulgação de novo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Segundo análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema) referente a semana de (04/04 a 10/04), a commodity, após recuar para US$ 9,77 por bushel no dia 4 de abril, subiu para US$ 10,12 no dia 9 e fechou a quinta-feira (10) em US$ 10,29, frente aos US$ 10,11 registrados uma semana antes.

O relatório do USDA, divulgado também na quinta-feira (10), manteve praticamente inalterado o quadro para o ciclo 2024/25, com exceção do aumento de um milhão de toneladas nos estoques finais globais, que agora somam 122,5 milhões de toneladas. As projeções para a próxima safra, referente ao ciclo 2025/26, só começarão a ser divulgadas a partir de maio.

A elevação nos preços também foi impulsionada pelo aumento das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos chineses, cujo acumulado chegou a 125%. Em resposta, na sexta-feira (11), a China passou a aplicar tarifas de 125% sobre todas as importações oriundas dos EUA, incluindo a soja. A medida pode beneficiar o Brasil, que tende a ampliar sua participação nas exportações para o país asiático. No entanto, os estoques chineses estão elevados neste momento, o que pode conter os efeitos imediatos sobre a demanda.

Apesar das tensões comerciais, a China ainda deve receber cerca de três milhões de toneladas de soja norte-americana entre abril e maio, adquiridas pela estatal Sinograin. Segundo analistas do mercado consultados pela Reuters, “provavelmente a empresa pagará os impostos mais altos, mas ainda assim poderá ter que vender com desconto no mercado chinês em meio à concorrência de grãos mais baratos do Brasil”.

Nos Estados Unidos, os embarques de soja na semana encerrada em 3 de abril somaram 804.270 toneladas, número próximo ao teto das expectativas do mercado. No acumulado do atual ano comercial, as exportações norte-americanas alcançam 41,6 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Ainda durante a semana, os Estados Unidos anunciaram uma trégua de 90 dias na aplicação de tarifas sobre a maioria dos países, excluindo a China. A União Europeia, que havia sinalizado o aumento de tarifas de importação sobre produtos dos EUA, também indicou uma trégua no mesmo prazo. O movimento trouxe alívio momentâneo aos mercados. No entanto, permanece a incerteza sobre a continuidade da política comercial norte-americana. “A tensão comercial está longe de terminar, especialmente em se tratando de Trump, um presidente populista, despreparado e seguidamente irracional em suas ações”, observou a análise da Ceema.

No mercado de derivados, o farelo de soja em Chicago registrou valorização de 4% entre os dias 4 e 9 de abril. Além da guerra comercial, o avanço nos preços é atribuído à preocupação com o esmagamento na Argentina, maior exportador global de farelo e óleo de soja. A paralisação das atividades da empresa Vicentin, que representa entre 6% e 9% da capacidade de processamento do país e acumula dívidas superiores a US$ 1 bilhão, contribuiu para o cenário de incerteza.

Em sentido oposto, o óleo de soja apresentou recuo de 7,5% entre os dias 2 e 8 de abril, pressionado pela queda no valor do óleo de palma e pelo recuo nos preços do petróleo. O movimento está associado ao temor de uma possível recessão nos Estados Unidos, diante das medidas comerciais adotadas por Washington.

Agrolink – Seane Lennon

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