As famílias brasileiras deverão gastar cerca de R$ 8,2 trilhões ao longo deste ano. Com base na atual estimativa de 2% do PIB, essa movimentação representará um aumento real de 3,01% em relação a 2024. A conclusão é do anuário IPC Maps 2025, especializado há mais de 30 anos no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, de acordo com fontes oficiais.
Mesmo com a elevada taxa de juros e a alta da inflação, o cenário é de otimismo para o consumo, com níveis porcentuais bem acima aos da economia. Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, a “melhoria dos níveis de emprego com carteira assinada proporcionou uma garantia de renda ao trabalhador, refletindo diretamente na escalada dos valores de consumo.”
A oferta maior de vagas de emprego formal também influenciou a atual configuração do perfil empresarial do País. Se nos anos anteriores houve um grande aumento na quantidade de empresas abertas, sobretudo de Microempreendedores Individuais (MEIs), em 2025 o crescimento de 4,2% em relação a 2024 foi puxado principalmente pelas Microempresas (MEs) em detrimento das MEIs, cuja quantidade basicamente se manteve.
Nesse sentido, o estudo repete a modesta baixa (de 27,80% para 27,72%) na participação das 27 capitais no mercado consumidor. Em queda, também, estão as regiões metropolitanas, que passam a responder por 44,63%, enquanto o interior aumenta sua presença para 55,37% no cenário nacional. Por outro lado, do ano passado para cá, a quantidade de empresas subiu 3,8% nas cidades interioranas e 4,6% nas capitais e regiões metropolitanas, contra 4,2% da média nacional. Tal fenômeno pode ser explicado pela então escalada do home office, que acabou atraindo muitos profissionais e MEIs para o interior em busca de melhor qualidade de vida a menores custos. “Agora, essa ascensão de empregos com carteira assinada vem impactando diretamente a região que, por isso, apresenta um crescimento menor na quantidade de empresas este ano”, justifica Pazzini. Na vantagem, as regiões metropolitanas garantem um incremento superior à média nacional, beneficiadas pela abertura de novas MEs, Sociedades Limitadas (Ltdas), Pequenos Portes (EPPs), entre outras empresas.
Outro destaque é a ligeira, mas esperada, queda da Região Sul na participação do consumo brasileiro. “Enquanto a média nacional da evolução nominal desse potencial é de 11,4%, no Sul esse número caiu para 11,2%. Apenas as classes A e B1 cresceram acima dessa média”, afirma o pesquisador, ao remeter às enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em abril do ano passado. Em contrapartida, o Nordeste agora na 2ª posição dentre as cinco regiões em 2025, deverá ter um crescimento significativo. “A prevalecer o atual cenário de real desvalorizado, a região vai continuar atraindo turistas estrangeiros, o que será muito positivo para a economia nordestina”, considera Pazzini.
Por fim, esta edição da Pesquisa IPC Maps reafirma que, na hora de gastar sua renda, os brasileiros se preocupam com os veículos próprios, priorizando novamente a categoria a ponto de superar as despesas com alimentação e bebidas no domicílio.
Perfil básico – Somos em cerca de 213,4 milhões de cidadãos, sendo 186,8 milhões morando na área urbana e respondendo pelo consumo per capita de R$ 40,4 mil, ante R$ 22,6 mil gastos pela população rural. Tais números levam em conta a divulgação do Censo de 2022 e as estimativas populacionais do IBGE para o Brasil e UFs atualizadas no segundo semestre de 2024.
Base consumidora — Sempre liderando o panorama econômico, a classe B2 representa cerca de R$ 1,8 trilhão dos gastos e, junto à B1, estão presentes em 22,1% dos domicílios, assumindo 40% (mais de R$ 3 trilhões) de tudo o que será desembolsado pelas famílias brasileiras. Na sequência, abrangendo quase metade das residências (47,5%), estão C1 e C2 que deverão gastar pouco menos de R$ 2,6 trilhões (34,4%). Já o grupo D/E, que ocupa 27,7% das moradias, consumirá cerca de R$ 737,9 bilhões (9,8%) até o final do ano. Embora em menor quantidade (apenas 2,7% das famílias), a classe A vem, cada vez mais, se distanciando socialmente dos menos favorecidos e ampliando sua movimentação para quase R$ 1,2 trilhões (15,9%).
Já na área rural, a expectativa é que o potencial de consumo chegue a R$ 602,1 bilhões (7,4% do total) ao longo de 2025.
Cenário Regional – No ranking das regiões, o Sudeste segue no topo, respondendo por 48,1% do consumo nacional. Como já mencionado, a Região Sul, com 18,5% de representatividade, perde o segundo lugar para o Nordeste, que aumenta sua fatia para 18,6%. Na quarta posição vem o Centro-Oeste, com 8,8% e, então, a Região Norte, cuja participação é inferior a 6%.
Mercados potenciais – O levantamento analisa, também, o desempenho dos 50 maiores mercados — formados por 21 capitais, 16 municípios do interior e 13 regiões metropolitanas. Juntos, eles movimentarão R$ 3,103 trilhões, ou 38% de tudo o que será consumido em território nacional.
Do ano passado para cá, os principais mercados vêm mantendo suas posições, sendo, em ordem decrescente: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Curitiba/PR, Salvador/BA e Fortaleza/CE, entre outros. Cidades metropolitanas ou interioranas, como Campinas (11º), Guarulhos (13º), São Bernardo do Campo (16º), Santo André (17º), Ribeirão Preto (20º), Sorocaba (21º) e São
José dos Campos (23º), no Estado de São Paulo; Uberlândia (22º), em Minas Gerais; Joinville (24º), em Santa Catarina; e São Gonçalo (25º), no Rio de Janeiro, também se sobressaem nessa lista.
Perfil empresarial – Entre abril de 2024 a abril de 2025, a quantidade de empresas no Brasil cresceu 4,2%, totalizando um pouco menos de 25 milhões de unidades instaladas. Apesar da baixa, os Microempreendedores Individuais (MEIs) ainda são maioria, representando quase 59% (14,7 milhões) das empresas, sendo responsáveis pela criação de 6,3 mil novos CNPJs no período.
Dentre as companhias ativas, 14,2 milhões referem-se a atividades relacionadas a Serviços; seguida pelos segmentos de Comércio, com 5,4 milhões; Indústrias, 3,8 milhões; e Agribusiness, abrangendo mais de 864 mil estabelecimentos.
Geografia da Economia – Tradicionalmente a Região Sudeste também lidera na distribuição de empresas no âmbito nacional, concentrando 51,6% das corporações. Na sequência, estão o Sul, com 18,9%, Nordeste com 16,1% dos negócios, Centro-Oeste com 8,7% e o Norte com apenas 4,6% das organizações existentes no País.
Partindo para a análise quantitativa para cada mil habitantes, o IPC Maps aponta para a vantagem das Regiões Sul e Sudeste com, respectivamente, 150,75 e 145,16 empresas por mil habitantes, além da Centro-Oeste, com 126,36. Já, em queda e bem abaixo da média, estão as regiões Nordeste, com 70,32, e Norte, com apenas 61,71 empresas/mil habitantes.
Hábitos de consumo – Como antecipado, as preferências dos consumidores na hora de gastar seu dinheiro continuam sendo para a categoria de veículo próprio, cujas despesas devem somar R$ 885,9 bilhões, comprometendo 11,7% do orçamento familiar. Tal comportamento tem se repetido nos últimos cinco anos, chegando a superar, inclusive, segmentos como alimentação e bebidas no domicílio, que representam R$ 780,5 bilhões ou 10,3% do consumo domiciliar.
Ainda assim, os itens básicos são prioridade, com grande margem sobre os demais, conforme a seguir: 25,2% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 18,7% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc.); 6,7% são medicamentos e saúde; 4,6% alimentação e bebidas fora de casa; 3,8% materiais de construção; 3,5% educação; 3,4% vestuário e calçados; 3,4% recreação, cultura e viagens; 3,2% higiene pessoal; 3% móveis e artigos do lar e eletroeletrônicos; 1,4% transportes urbanos; 0,5% para artigos de limpeza; 0,4% fumo; e finalmente, 0,2% refere-se a joias, bijuterias e armarinhos.
Faixas etárias – Em crescimento, a população idosa deve chegar a 35,4 milhões em 2025. Já, a faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, está bem próximo dos 128 milhões, representando 59,8% do total de brasileiros, em sua maioria, mulheres. Enquanto isso, jovens e adolescentes entre 10 e 17 anos somam apenas 23,4 milhões, perdendo para as crianças de até 9 anos, que totalizam 27 milhões.
Sobre o IPC Maps
Publicado anualmente pela IPC Marketing Editora, empresa que utiliza metodologias exclusivas para cálculos de potencial de consumo nacional, o IPC Maps destaca-se como o único estudo que apresenta em números absolutos o detalhamento do potencial de consumo por categorias de produtos para cada um dos 5.570 municípios do País, com base em dados oficiais, através de versões em softwares de geoprocessamento.
Este trabalho traz múltiplos indicativos dos 22 itens da economia, por classes sociais, focados em cada cidade, sua população, áreas urbana e rural, setores de produção e serviços etc., possibilitando inúmeros comparativos entre os municípios, seu entorno, estado, regiões e áreas metropolitanas, inclusive em relação a períodos anteriores. Além disso, o IPC Maps apresenta um detalhamento de setores específicos a partir de diferentes categorias.
Fonte: Lívia Aragão McCardell
assessora de imprensa
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